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Quais animais selvagens formariam o Big Five do Brasil?

Qualquer viajante que pisar na África vai logo descobrir que os Big Five são uma espécie de entidade mitológica dos safáris. Quando se embarca num jipe para fazer os chamados games, os guias e spotters estão atrás desse time de feras para mostrar a força da savana. A escalação é relativamente fácil de decorar: leão, leopardo, rinoceronte, elefante e búfalo. 

Como o nosso Brasil carece dessas criaturas na natureza, mas tem áreas de preservação a dar com o pau, achamos uma boa ideia pensar quais seriam os Big Five brasileiros. 

As respostas podem variar se pensarmos em categorias, como os mais raros, os mais perigosos ou os mais coloridos. Se levássemos esse critério em consideração, certamente entrariam na conta a ararinha-azul e o mico-leão-dourado, a jararaca-ilhoa e o guará, ave de plumagem vermelhíssima. 

Mas a nossa ideia aqui é pensar nos que mais tenham a ver com a identidade do Brasil, os mais simbólicos e cheios de significado. O Onçafari, um dos principais projetos de preservação ambiental do Refúgio Ecológico Caiman e também do país, já pensou nos seus escolhidos.

Agora chegou a vez de escolhermos nosso Big Five brasileiro. Confira: 

1. Onça-pintada

Verdadeira entidade nacional, o maior dos felinos americanos e o terceiro maior do mundo se espalha por vários países do continente e também atende por jaguar, em inglês e espanhol. Seu nome científico, panthera onca, resume também a sua versão mais melaninada, a pantera, que olhando de perto também ostenta as icônicas manchas.

Ficar de frente com um animal desses na natureza é uma experiência marcante e poderosíssima. O Pantanal é o melhor lugar para isso. Nos arredores de Porto Jofre há uma série de animais que estão cada vez mais acostumados à presença humana. Em áreas como a Serra do Amolar, os bichos são mais ariscos, porém igualmente cativantes quando o encontro acontece, o que nunca é garantido por guias sérios. Alguns projetos, como no Refúgio Ecológico Caiman e na Pousada Trijunção, o Onçafari, tem animais rastreados com colares para estudos científicos e que costumam ser mais fáceis de localizar e avistar. 

É fundamental para a saúde dos ecossistemas porque costuma abater as presas mais fáceis, em geral indivíduos imaturos, doentes ou mais velhos. Esse controle populacional é benéfico para a própria população de presas. Infelizmente, fazendeiros ainda matam esses predadores para proteger seus rebanhos de gado e ovelhas. No entanto, algumas medidas como cercas elétricas e sensores de luz têm ajudado a reduzir os ataques a animais da pecuária. 

Antigamente ocorria dos Estados Unidos até a Argentina, contudo o desmatamento e a fragmentação de seu habitat fizeram com que hoje ocorra apenas em 50% do território original. 

Se sua pele já foi alvo de caçadores e mercadores, hoje em dia é apenas uma estampa singular em tecidos e todo tipo de peça de roupa. Para além das sungas, blusas e bolsa, a impressão de onça é uma referência perene no universo da moda.

2. Lobo-guará

Esquisitão, esguio e ao mesmo tempo elegante, o lobo-guará é um dos animais mais singulares do Brasil. Tanto que foi parar na nota de R$ 200, lançada em 2020. Ameaçado à extinção, ocorre do Cerrado à Mata Atlântica, com presença que vai até a Bolívia, Paraguai e alguns trechos pontuais da Argentina e do Uruguai. 

Sem ter nada de mau ou agressivo, o lobo-guará é a maior espécie de canídeo das Américas. Costuma ser curioso e pode se aproximar de zonas povoadas, o que pode assustar pessoas mal informadas. 

Um dos lugares mais famosos para ver esse bicho é o Santuário do Caraça, em Minas Gerais. Ali, há décadas os padres que cuidam do antigo convento mantêm a tradição de alimentar os animais – um costume ecologicamente errado, diga-se de passagem. Todavia, esperar por eles é um programa que reúne visitantes todas as noites no terraço da instituição. 

Outro lugar especial para esse encontro é no Parque Nacional Grande Sertão Veredas, na divisa entre Minas Gerais e Bahia. Ali pertinho fica a Pousada Trijunção, dentro de uma vasta propriedade de 33 mil hectares por onde costuma passear esse belíssimo “cachorrão” selvagem de hábitos solitários.

3. Tamanduá-bandeira

À primeira vista um exemplar deste bicho pode provocar estranhamento. Dependendo da distância e do movimento você pode até confundir cara e cauda. Mas basta alguns instantes para perceber que o tamanduá-bandeira (myrmecophaga tridactyla) é um grandalhão tímido e tranquilão.

A não ser que você seja uma formiga, nesse caso é melhor se preocupar. A dieta desse mamífero, que pode pesar até 60 quilos e atingir 1,3 metro de comprimento sem o rabo, é a base de insetos – ele pode devorar até 35 mil insetos por dia com seu focinho e sua língua que entra profundamente dentro de formigueiros e cupinzeiros. O nome vem por causa dos pelos da cauda, que lembram uma bandeira flamejando. 

Pouca gente sabe, mas esse processo de alimentação do tamanduá tem uma função ecológica muito importante, espalham resíduos e nutrientes, adubando assim a terra. Infelizmente corre risco de extinção pela caça ilegal, incêndios e atropelamento nas estradas.  

Embora não seja um animal fácil de ser avistado, ocorre em todo o território nacional, com exceção do Rio Grande do Sul e do Espírito Santo. Costuma ser mais facilmente avistável no Cerrado e no Pantanal.

4. Anta-sul-americana

O maior mamífero terrestre da América do Sul não poderia ficar de fora dessa lista, não é mesmo? Podendo pesar até 300 quilos e alcançar dois metros de comprimento, o tapirus terrestres é realmente um bicho que chama a atenção. Definitivamente seu focinho é a parte mais excêntrica. 

Se espalha por quatro biomas – Amazônia, Pantanal , Cerrado e Mata Atlântica – e não é tão comum de ser encontrada. Seu paladar tem preferência por plantas terrícolas e aquáticas, brotos, cascas de árvore e frutos. De quebra acaba sendo uma ótima dispersora de sementes, que fomenta a manutenção da biodiversidade desses ecossistemas. Excelente nadadora, a anta acaba demarcando território defecando sempre no mesmo ponto dentro da água. A cada gestação a fêmea gera apenas um filhote, que costuma ficar com a mãe até completar um ano.

5. Alguns candidatos: boto-cor-de-rosa, peixe-boi, tatu-canastra…

Como nenhuma lista é definitiva, essa também não tem a pretensão de ser. Ninguém além de cada brasileiro pode elaborar essa lista. Para isso vale muito a pena procurar ver esses bichos, de preferência na natureza. 

Para um morador da Amazônia o boto tem um poder simbólico e uma presença tão grande no dia a dia e na cultura, que seria difícil não incluir o enorme golfinho fluvial na lista. Para alguns moradores do litoral nordestino que têm lutado para preservar este animal ameaçadíssimo de extinção, o peixe-boi seria imprescindível nesse Big Five. 

Por outro lado, um pantaneiro raiz ou um mineiro que já tenha encontrado um enorme tatu-canastra caminhando pela noite diria que o animal é tão sublime que jamais deveria ficar de fora desse ranking. Não à toa, esse foi o animal escolhido para ser mascote da Copa do Mundo de 2014, batizado de Fuleco. Felizmente a lista é vasta…

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