READING

A deslumbrante beleza de Alter do Chão: um destino...

A deslumbrante beleza de Alter do Chão: um destino sem igual no Brasil

alter do chao

Alter do Chão: um destino sem igual

É engraçado como um lugar vai ganhando fama. Pode ser por um programa de TV, por virar locação de cinema ou numa reportagem de jornal. Ou então no boca a boca, mesmo. E foi bem assim que Alter do Chão caiu nas graças dos viajantes brasileiros há algum tempo. Principalmente os amantes de praia, ou melhor, os apaixonados por natureza. Muito mais do que um inusitado conjunto de praias fluviais em meio à floresta amazônica. Acredite: existe algo de poderosamente cativante neste destino mágico no coração do Estado do Pará.

Talvez o primeiro ingrediente seja a dificuldade para chegar. Nada do que é fora da curva está a curta distância da sua zona de conforto. Você terá de fazer escala em Brasília, Belo Horizonte ou Recife até chegar ao pequeno aeroporto de Santarém. De lá, um traslado de 50 minutos o levará ao sossego de Alter do Chão.

Pequenina, a cidade contrasta com os imensos rios que a cercam. Às margens do Rio Tapajós, está a curta distância dos rios Amazonas e Arapiuns. Tenha em conta que o ritmo lá é outro. Qualquer locomoção demora e geralmente usa-se lancha. Qualquer trajeto básico leva, no mínimo, meia hora de lancha rápida. Por outro lado, o barco é uma experiência mais tradicional da Amazônia e embora seja mais lento, aproveita-se mais o percurso, com petiscos e drinques. Ah, e muita contemplação, claro.

Para aproveitar ao máximo Alter do Chão é importante compreender um paradoxo. A alta temporada ocorre de julho a novembro, no período de verão, quando o rio baixa porque as praias emergem e as paisagens ficam mais marcantes. Nos outros seis meses do ano – época chamada de inverno – o tempo fecha mais, a chuva cai mais forte e o rio enche. Com isso você encontra um outro cenário. Com a alta do rio, entra-se mais nos igarapés, e tudo ganha uma cara ainda mais amazônica. Em qualquer das épocas você pode esperar por duas coisas: calor e chuva, mas em muito menor quantidade durante o verão.

O que fazer em Alter do Chão?

Bom, mas e o que tem para fazer em Alter do Chão? A resposta é: tudo ou nada. Ou um misto dos dois. Veja bem, é inegável que as areias brancas e as águas verdinhas parecem intimar o visitante a ficar de papo pro ar no melhor clima praia+preguiça. Só que ao redor há um monte cantinhos especiais para explorar. Florestas, lagoas, igarapés, igapós e canais belíssimos, além de comunidades ribeirinhas que enriquecem demais a jornada. Há vivências de sobra para uma semana, com folga.

Leia mais: Roteiros na Amazônia 

Ninguém vai negar que a Ilha do Amor  é o principal cartão-postal da região. O nome pode até confundir, mas saiba que trata-se de uma ponta de areia conectada ao continente. De um lado, o Rio Tapajós com suas águas mais escuras, que lembram tons de Coca-Cola. Do outro, a autoexplicativa Lagoa Verde. E assim é a praia mais estruturada e movimentada de Alter do Chão – há vários quiosques e serviços, como aluguel de caiaques. Claro que aos fins de semana fica especialmente movimentada, com um fluxo de moradores de Santarém que vêm descansar no paraíso. O entardecer na faixa virada para o Tapajós é memorável. Contudo, é bobagem achar que Alter do Chão se resume à Ilha do Amor.

Logo ao lado, o Morro da Piraoca ostenta a melhor vista de toda a região. Numa trilha de menos de uma hora você sai da Vila de Alter, passa pela Ilha do Amor e sobe até uma vista de 360o. No horizonte único, o Lago Verde, o Lago das Piranhas, a Ponta do Cururu e o imponente Rio Tapajós.

alter do chao

Se você nunca teve a oportunidade de conhecer a Amazônia ou mesmo se já estiver familiarizado, a Floresta Nacional do Tapajós (Flona) é uma parada obrigatória. Desfrute do privilégio de caminhar entre árvores grandiosas numa reserva com mais de 527 mil hectares. Nada de comparação com campos de futebol: tenha só a certeza de que é muito, muito, imensa. Numa trilha que pode durar de duas a várias horas, um guia nativo e apaixonado pelo lugar vai mostrando detalhes que costumam passar desapercebidos aos olhos urbanos. Desde as gigantescas samaúmas, conhecidas como a “árvore da vida”, até plantas que podem servir de cola ou repelente contra insetos. É cativante descobrir os saberes da mata.

Depois de caminhar, adentre navegando uma mata alagada. A Floresta Encantada é um grande igarapé acessível de lancha, canoa ou stand-up paddle. Cabe a você escolher o seu meio. No final há um restaurante simples, mas delicioso, o Espaço Caranazal. As mesas têm vista para o igarapé, onde forma-se uma piscina ótima para crianças. Os peixes frescos grelhados vêm à mesa inteiros, com arroz, farofa e vinagrete. Simples, porém delicioso, todo o luxo que seu paladar poderia desejar naquele momento. Do porto de Alter até lá, meia hora de lancha. Porém, é possível chegar por terra, em 10 minutos de carro a partir do Hotel Vila de Alter. Só que a beleza não é comparável com a chegada pelas águas.

Onde ficar em Alter do Chão?

vila de alter

Por sinal, é importante falar de hospitalidade. E nenhuma experiência de hospedagem na região se compara à do Hotel Vila de Alter. Com pouco quartos, as proprietárias Andreia e Regina estão presentes e atentas o tempo todo. E os sorrisos sempre no rosto. A lógica arquitetônica propõe uma releitura das casas da região, com muito conforto e aconchego. É cheio de verde e muito silencioso, com foco total no relaxamento. O café da manhã é servido do lado de fora de cada bangalô, com receitas feitas com frutas locais, num mimo enorme.

Leia mais: Destinos incríveis no Brasil

Surpresas (boas) de Alter do Chão

Percorrer Alter do Chão e seus arredores é descobrir uma Amazônia repleta de flora e fauna singulares. Mas é também uma terra de muita gente fascinante. Entre tantos, um lugar específico que sintetiza isso é o Canal do Jari. Ainda mais belo na época da cheia, não é raro avistar de perto animais como macacos, preguiças, jacarés e, com alguma sorte, alguns botos-cor-de-rosa. Outro patrimônio do Canal do Jari são as vitórias-régias e a criatividade de Dona Dulce.

Após ter trabalhado como cozinheira na Marinha, Dona Dulce aprendeu uma regra. Quando estiver com fome no meio do nada, observe o que os bichos comem. Se mais de duas espécies se alimentam de alguma planta ou fruto, você pode comer. Após cortar um pedaço e enviar para análise, descobriu que as vitórias-régias de seu jardim eram ricas em potássio, com valor nutritivo semelhante ao do inhame. A partir daí passou a desenvolver receitas com o filamento que liga o bulbo às folhas. Espinhosa, a parte é cuidadosamente preparada e se transforma em salada, massas, bolinhos, tortas e até pipoca. Tudo muito saboroso e surpreendente.

alter do chao

Outra surpresa você terá em Urucureá. O artesanato de palha com tingimento natural resgata uma técnica tradicional da região. Após agendar uma visita, é apresentado todo o processo, desde a secagem, o tingimento e o trançado da palha. Visitar a comunidade artesã é uma atividade que pode ser combinada com uma imersão no Rio Arapiuns. Sem sinal de celular, você vai seguindo rio adentro. Na época de baixa, avista-se a Ponta do Icuxi e Ponta Grande. Dali por diante pode-se parar em várias comunidades, como Anã e Caracaraí, cada uma com sua característica. Para além dos rios, do igarapés, da mata e suas belezas naturais, Alter do Chão cativa também pela verdade de sua gente. Depois de conhecê-la, tente explicá-la a alguém. Você verá o tamanho do desafio.

Pin It

Posts relacionados


POSTS RELACIONADOS

INSTAGRAM
Visite nosso Instagram