3 Refúgios de praia no Brasil
Quem viaja pelo litoral brasileiro caminha numa corda bamba entre a frustração e o alívio. A decepção é por saber que é muito difícil conhecer cada uma das milhares de praias de nossos 8 mil quilômetros de costa. E a tranquilidade vem da certeza de que sempre, sempre, haverá um lugar “novo” e incrível para se deixar encantar.
Aqui na Auroraeco acreditamos que a certeza de que esses lugares existem deve nos inspirar a viajar e procurar novas fronteiras aqui mesmo, dentro do nosso território.
Por isso vamos contar aqui um pouco mais sobre três cantos especiais do Nordeste, que podem entrar na sua lista de desejos para sua próxima escapada.
O essencial de Barra Grande, em Cajueiro da Praia, no Piauí
Entre os Estados do Nordeste definitivamente o Piauí é o que tem o menor litoral e também o mais desconhecido. O que costuma-se saber vagamente é que o famoso Delta do Parnaíba ocupa uma boa parcela dos 66 quilômetros do estreito trecho de mar espremido entre o Maranhão e o Ceará.
Como aconteceu com vários destinos como São Miguel do Gostoso (RN) e Atins (MA), Barra Grande foi “descoberta” primeiro pelos amantes do kitesurfe. A paixão pelo levou os amantes do vento até essa vila litorânea no município de Cajueiro da Praia, um dos 4 do litoral do Estado do Piauí. Barra Grande faz parte da chamada Rota das Emoções, que passa por destinos como os Lençóis Maranhenses, Delta do Paranaíba e Jericoacoara.
Barra Grande é um destino praieiro diferente dos outros. Não só por ser o lar de um projeto de hospedagem de impacto socioambiental tão disruptivo como o Refúgio Cajueiro da Praia. Mas por ter uma aura autêntica, em meio à vila da Barrinha, uma pulsante vila de pescadores, cheia de cultura e tradição local.
Sair para navegar rio acima pelos manguezais é poder conhecer de perto um berçário de cavalos-marinhos, coisa rara no Brasil. Você estará numa das melhores regiões do País para aprender a velejar de kitesurfe. Um curso numa ótimas escolas da região é um super objetivo de férias. De quebra, você voltará pra casa com uma nova habilidade, um novo esporte e, dizem os aficionados, um novo vício.
O pôr do sol em Barra Grande também é um espetáculo que vale a pena ser vivido. Pegue um coco, um suco ou uma cerveja e sente-se nas areias para ver o astro-rei deitar-se no mar. Dessas vivências que engrandecem o espírito.
Barra Grande preserva um clima que Jeri já teve, até por seu acesso não ser tão simples e não ser alvo de turismo de massa. Há um excelente equilíbrio entre comodidade e natureza, com ótimas opções de restaurantes e também uma natureza farta e surpreendente.
A Lagoa do Santana, com águas claras de um tom que beira o azul, convidam para mergulhos infinitos. Você poderá interagir com a cultura e os moradores locais, que vivem do artesanato em cerâmica, da criação de ostras e da farinha de mandioca? Que tal colocar a mão na massa nessas férias? Em Cajueiro da Praia isso é quase uma obrigação. Além de relaxar, claro.
O que fazer e não perder em Caraíva
Charme é um negócio difícil de traduzir. Algumas pessoas e lugares simplesmente têm. Outras, nem tentando muito. Geralmente é despido de esforço, uma mágica que acontece naturalmente. Caraíva, distrito a 2 horas de carro de Porto Seguro, é um desses lugares. Ô lugar cheio de personalidade.
A começar pela chegada. Todos os carros têm de parar do lado norte do Rio Caraíva e apenas pedestres cruzam para a vila a bordo de canoas a remo. O único transito que você encontrará é de carroças puxadas por burros para levar visitantes e suas malas até suas pousadas.
O chão de areia fofa é uma assinatura de autenticidade quase única. Até 2007 a vila só tinha luz elétrica de gerador e quando o cabeamento chegou, conseguiu-se que fosse subterrâneo e com iluminação indireta para manter a atmosfera que sempre trouxe a identidade do lugar. Nada de postes e holofotes de luz, tudo é sutil e discreto. Mais ou menos como o nosso Refúgio Caraíva.
Ao se instalar numa tenda na barra do rio, no encontro com o mar, você vai alternando um mergulho na água salgada para depois se refrescar na doce. Tudo com um serviço de praia simples e atencioso. O Boteco do Pará é um marco da beira-rio, com peixe na telha inesquecível, mas não tanto quanto a porção de pastel de arraia com caipirinha diante do pôr do sol.
Caminhar na praia é um “esporte tradicional” em Caraíva. Para o sul, uma longa caminhada de até 4 horas na maré baixa o leva até a Ponta do Corumbau. Para apoiar a aldeia vizinha dos índios pataxó a pedida é alugar um bugue com motorista, passar pela aldeia, escutar um pouco da história dos povos nativos, apoiar comprando um artesanato e seguir até Corumbau. Após uma nova travessia a pé, caminhe mar adentro na cênica ponta de areia que aflora na maré baixa.
Se a pedida for ir para o norte, aproveite o vento a favor na ida. Em ambos os casos, pergunte bem aos locais a previsão das marés para não ficar preso em nenhuma cilada entre rochas e o mar bravio. Geralmente sair cedinho é o melhor jeito de aproveitar as belezas das Lagoas e da Praia do Satu, com uma longa parada até chegar à Praia do Espelho. Caso caminhe direto, sem parar, o percurso leva 3h30 andando moderadamente.
Passar ao menos um dia entre o Satu e o Espelho é um dever de quem vai até Caraíva. Deserto, o Satu é intimista e seu único bar revela uma história linda de paixão e desapego do dono, que largou tudo para ter aquele cantinho de mundo só para si. E a Praia do Espelho logo mostra porque ano após ano segue figurando nas listas de mais lindas praias do País. Uma dica é reservar um almoço no Restaurante da Silvinha (73-99985-4157), simpática chef que prepara refeições com sotaques asiático a partir de um menu diário com que houver de mais fresco. Vá até o canto esquerdo da praia e siga as placas. É sensacional, assim como o destino em si.
O que você precisa saber sobre Boipeba, Bahia
Os paralelos com a Terra do Nunca, de Peter Pan, podem parecer exagerados. Ninguém dizendo que você se sentirá um jovem assim que colocar os pés na sensacional Ilha de Boipeba, na Bahia. Mas de forma nenhuma ficará mais velho e menos ainda mais tenso ou pesado. Esse lugar exerce uma influência maluca na relação do viajante com o tempo.
Poucos destinos brasileiros podem se orgulhar, em pleno 2021, de oferecer 20 quilômetros de praias semidesertas. Difícil vai ser escolher a sua favorita… É realmente um canto precioso da chamada Costa do Dendê. Tassimirim e a Praia da Cueira começam forte a disputa. Para alguns apaixonados, a Praia de Moreré é uma unanimidade entre as mais incríveis de toda nossa costa. Polêmica? Nem um pouco, e a maré baixa mostra logo o porquê. Mais ao sul, Bainema e Ponta de Castelhanos têm chamado mais e mais a atenção.
No encontro do Rio do Inferno com o Oceano Atlântico, em plena Praia da Boca da Barra, fica a Pousada Mangabeiras, o Refúgio da Aurora na região. A National Geographic Traveller Magazine a colocou na sua prestigiada lista de 19 Hotéis Favoritos. As águas um pouco agitadas compõem um quadro perfeito para cliques ao amanhecer.
Na companhia dos melhores guias da região você vai ter incontáveis atividades ao ar livre. Desde tours de caiaque ou stand-up paddle pelo mangue até mergulhos com snorkel nas piscinas naturais mais vivas da região. Carregue uma prancheta informativa anfíbia para identificar várias espécies de peixes e corais em tempo real.
De barco se alcança pontos especiais da Costa do Dendê como Pratigi, Garapuá e a movimentada Morro de São Paulo com suas praias numeradas. De julho a setembro, as baleias-jubartes chegam no Sul da Bahia para reproduzir e amamentar. É a chance perfeita para avistar um dos maiores e mais delicados mamíferos da Terra. Amantes de terra firme têm à disposição ótimas e variadas caminhadas pelas praias e matas dos entornos.
