Famoso pelas lagoas salgadas repletas de flamingos, as piscinas termais e os vulcões, o Atacama também é atraente por seu céu. A região pode ser considerada informalmente como a capital mundial da observação astronômica por conta do tempo sempre seco, do céu limpo e da ausência de grandes cidades iluminadas, que normalmente reduzem a visibilidade dos planetas, estrelas e constelações.
Os motivos para essas condições são vários. Entre os principais podemos enfileirar a altitude, a aridez e a amplitude térmica. A 3.159 metros acima do nível do mar, San Pedro de Atacama é uma das cidades mais altas do continente. Com uma média anual de precipitações em torno de 83 milímetros por ano, é uma das menores do mundo – apenas a título de comparação, a cidade de São Paulo já teve chuvas de 151,8 mm em apenas 24h. Durante o dia as temperaturas podem ultrapassar os 30 graus e à noite despencar para próximo de 0 graus.
Apesar de as estrelas só começarem a surgir ao pôr do sol, o céu é protagonista de uma viagem ao Atacama a qualquer hora do dia. Especialmente ao amanhecer e ao entardecer as luzes se difundem por nuvens de muitos formatos, ajudando a emoldurar cenários que parecem ser impossíveis. Inclusive, é um dos poucos lugares fora da Antártica e do Ártico onde é possível avistar as raras nuvens lenticulares, em formato de lentes fotográficas.
Não bastassem os desertos, salinas, gêiseres e todas as paisagens que fazem do Atacama um destino sem igual, o céu noturno é, sem dúvidas, outra atração turística memorável. Na cidade são vendidas várias opções de tours noturnos a observatórios próximos. Mas, sinceramente, apenas encontrar um canto confortável para deitar-se e olhar para cima a olhos nus mesmos já é quase garantia de deslumbramento.
Alguns hotéis como o Nayara Alto Atacama e explora têm alguns dos únicos observatórios privados da região, disponíveis apenas aos hóspedes dos hotéis. Pelo menos uma noite da estadia é dedicada a um tour com direito a observação no telescópio de última geração, que permite um avistamento próximo, nítido e super-rápido de planetas, como Saturno e seus anéis, Marte com sua superfície avermelhada e Júpiter com suas 79 luas.
O mais bacana é que dependendo da época escolhida para a viagem, o céu estará diferente. Durante o verão pode-se desfrutar da visão de Orion, Betelgeuse e Aldebarán, enquanto no inverno é possível contemplar as constelações de Escorpião com Antares e Tucán 37. Cada hotel tem uma abordagem diferente para o tour noturno e por isso sempre vale experimentar cada oportunidade.
Você sem dúvidas vai querer registrar o céu e esta não é uma tarefa fácil. Por mais que os celulares estejam cada vez mais sofisticados, câmeras profissionais ou semiprofissionais com sistema DSLR (com troca de lentes) são as mais recomendáveis para clicar à noite. É impossível dispensar o auxílio de um tripé, que pode até ser pequenino. A ideia é aumentar o tempo de exposição e ampliar a abertura da lente ao máximo.
Como não há de ser toda noite que você contará com o auxílio de um guia astronômico, a tecnologia pode te ajudar a localizar e identificar planetas, galáxias e constelações. Estão disponíveis nas principais lojas online (App Store e Play Store, para Apple e Android, respectivamente) aplicativos que fazem essa tarefa de forma super divertida. Entre os principais estão o Star Chart, Heavens Above e Stellarium.
Por fim, mas não menos importante: o traje. Sim, você não vai sair de qualquer jeito para ver estrelas à noite no Atacama. Não por qualquer formalidade, mas pelas temperaturas que despencam consideravelmente. Como você vai querer prolongar seu tempo sob as estrelas, aposte em várias camadas de roupas quentes, com segunda pele, fleeces e casacos. Sem esquecer, é claro, de gorros e luvas. Você vai agradecer aos céus por essa dica 😉
