Ao passear por Alter do Chão, no Pará, e por seus arredores, você terá a oportunidade de visitar algumas comunidades ribeirinhas da região dos rios Tapajós e Arapiuns, e conhecer mais sobre sua rica cultura e todo o processo de criação de suas artes artesanais, tradição herdada pelos povos indígenas que, hoje em dia, é uma alternativa para geração de renda e preservação de sua cultura e tradição. Cada comunidade tem seu processo de criação, normalmente realizado pelas mulheres, e seu produto tradicional, que é sua marca registrada.
Na comunidade de Urucureá, por exemplo, as mulheres fazem belíssimos artesanatos com palha de Tucumã, sendo bolsas, chapéus e utensílios domésticos, que atraem pelas cores e principalmente pelos trançados feitos totalmente à mão.
Já as comunidades da região de Santarém produzem vários utensílios domésticos, mas principalmente cuias ornamentadas tingidas com pigmentos naturais e decoradas com traços incisos e únicos, sendo uma forma de assinatura das artesãs. Essa confecção de cuias tingidas é provavelmente uma das tradições artesanais mais antigas presentes no baixo curso do Rio Amazonas e recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, em 2015.

Na aldeia de Pinhel, localizada no rio Tapajós, a comunidade herdou a cerâmica Tapajônica como atividade principal e é classificada em dois tipos: o vaso de gargalo, onde predominam elementos zoomorfos, e também representações de rostos humanos (antropomorfos) nos bojos esféricos dos vasos. Em sua produção, o barro é coletado na época da seca, às margens do rio e, depois de um processo de alguns dias, as peças são confeccionadas da mesma maneira que eram feitas há milhares de anos. Para os poucos ceramistas que ainda se dedicam à cerâmica Tapajônica, essa arte é uma forma de preservar a memória dos seus antepassados, seu modo de vida, a maneira como eles trabalhavam e, sobretudo, de resgatar a sua identidade indígena.

Em Alter do Chão, a loja Araribá representa o maior acervo de peças indígenas autênticas do Norte do Brasil. Ela reúne peças de mais de 80 povos e é considerada a loja mais completa do ramo na região amazônica, segundo o guia internacional Lonely Planet. Desde 1999, Araribá vem trabalhando com a proposta de incentivar a produção artesanal indígena, acreditando ser esta a principal fonte geradora de desenvolvimento e sustentabilidade de muitas nações brasileiras.