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Alexandra Corvo e os vinhedos da França

Alexandra Corvo e os vinhedos da França

Poucas experiências são tão complexas quanto saborear um gole de vinho. Em cada copo, além de histórias, muitas vezes milenares, combinam-se os mistérios da geologia e as variações climáticas com práticas agrícolas que harmonizam tradições ancestrais com os mais modernos recursos tecnológicos. E se o próprio vinho é a expressão dessa sofisticação, o vinhedo está muito longe de ser apenas um cenário. É o caldeirão mesmo onde a mágica é feita.

Foi pensando em revelar os tesouros de conhecimento e experimentação que se escondem por trás das belas paisagens dos vinhedos que Alexandra Corvo, da Gouté, agência especializada em roteiros gastronômicos, e a Auroraeco, responsável pela parte operacional e pela qualidade do serviço para os viajantes, uniram-se para desenhar seus exclusivos roteiros enogastronômicos. “Eu queria mostrar para meus alunos a fonte da qualidade do vinho, que é o vinhedo. E, claro, o ideal seria fazer isso in loco, de preferência nas três áreas mais conhecidas do mundo: Bordeaux, Borgonha e Champanhe”, revela a sommelière.

E, como não poderia deixar de ser, considerando que estão na França, essas provinces são tão famosas por seus vinhos quanto por sua cultura gastronômica, o que torna impossível pensar em uma viagem sobre vinhos que não contemple também o lado gourmet. O roteiro, que começa em Bordeaux, inclui pequenos vilarejos onde os vinhos são produzidos segundo técnicas tradicionais ou que são marcas registradas por si só, como Saint-Emilion, tão conhecida pela excelência e antiguidade do vinho que leva seu nome quanto pela beleza de suas ruazinhas medievais de pedra e pela igreja românica encravada na pedra desde o século 11 e suas catacumbas, imensas como uma catedral.

Bordeaux-10

Em todos os passeios pela localidade, rica em histórias, almoços em restaurantes conhecidos por oferecer o melhor das cozinhas locais regados aos belos vinhos de Bordeaux garantem os momentos de descontração. Na Borgonha, a experiência abrange, além da degustação dos vários vinhos da região, de expressão “delicada e etérea”, segundo Alexandra Corvo, conhecimentos sobre o plantio das uvas, localização geográfica e análise do terroir. O contato direto com produtores também faz parte do roteiro. Em pleno coração da Borgonha, por exemplo, no Château de la Velle, em Meursault, perto de Beaune, Bertrand e Bernadette Darviot, nona geração de viticultores, recebem os viajantes como se estivessem em sua casa.

As noites são livres para que cada aluno crie suas próprias vivências. Um foco menos turístico e mais experimental também marca a visita a Champanhe, onde a degustação é feita nas caves Tarlant, um pequeno, embora renomado, produtor independente do Vale do Marne, que produz champagnes desde o século 17. “Queremos satisfazer gente que tenha sede de conhecimento e nada de preconceito. A ideia é abrir a cabeça das pessoas para a realidade original da bebida, que é o vinhedo”, avisa Alexandra. Ou seja, além de boas amostras, boa comida e informação prática, a experiência garante muito contato com a natureza, com as vinhas e com gente apaixonante e apaixonada pelo que faz.

De fato, não poderia haver melhor jeito de se aprofundar nas complexidades do universo dos vinhos.

uvas

*Texto originalmente publicado na edição 56 da revista Host & Travel. Para ler matérias similares, torne-se assinante da revista sem custo algum.

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